Lagarada no Douro
25 de setembro de 2017
O Enoturismo em Portugal é uma das muitas atrações que o país oferece. Para quem gosta (e não só), é super interessante visitar as vinícolas e fazer a prova de vinhos. Se for em setembro, normalmente época da vindima, sendo possível participar do processo todo, desde acolheita das uvas até a lagarada (pisada das uvas) em algumas quintas.
Para dar início a nossa tag “Rota dos Vinhos”, vamos falar sobre o Douro, região norte do país, mais ou menos a uma hora do Porto. A “Região Demarcada do Douro” não é nada menos que a mais antiga região vinícola regulamentada do mundo. A paisagem exuberante que se forma pela geografia acidentada do Vale e o Rio Douro e a riqueza material e humana que dali se extrai ergueram a região a património da humanidade pela UNESCO. Falamos mais sobre a região aqui.
➸ São várias as quintas que abrem para visitação e algumas delas oferecem hospedagem. Entretanto, para explorar essa região tão rica, também é possível fazer como cidade base Peso da Régua ou Lamego, que tem boa estrutura e localização privilegiada, às margens do Rio Douro. Sempre fomos de carro, mas é possível ir de comboio (consulte aqui) partindo de Lisboa (até Pinhão) ou do Porto (até Régua ou Pinhão). De lá pega-se um táxi até a quinta escolhida.
Resolvemos passar uma noite na Quinta da Pacheca. Já tínhamos feito a visita a cave em outras oportunidades e conhecido o restaurante, entretanto, nunca havíamos ficado hospedados.
➸ Rua do Relógio do Sol, 261 – Cambres – 5100-424 Lamego – Portugal (mapa). Telefone de contato: (+351)254 331 229.
A estrutura é linda e oferece um espaço muito agradável. A Pacheca, que existe desde 1738, é da família portuguesa Serpa Pimentel. É importante mencionar isso, pois muitas quintas pertencem, hoje, a estrangeiros, caso da vizinha (e gigantesca) Sandeman. Além da Pacheca, sabemos que são totalmente lusitanas a Quinta do Portal e a do Vallado.
A única nota crítica em relação ao hotel da Quinta da Pacheca fica por conta do café da manhã (pequeno almoço), que não está à altura de tudo mais que ali se oferece. Mas nada que retire o prazer de acordar uma uma vista dessas…
Por ser considerada uma quinta de médio porte (700 mil garrafas ano), ela ainda consegue manter a tradição da lagarada na produção dos vinhos, que sem dúvida é uma experiência muito divertida! Iniciamos com a prova de alguns vinhos e depois fomos para o lagar. Pagamos 25€ cada para participar. Tratamos de tudo por e-mail e o atendimento foi excelente e rápido.
Entrar no tanque cheio de uvas e participar da tradição da pisada é bastante interessante. Essa etapa faz com que as uvas liberem o mosto, que é essencial para o processo de fermentação, que, grosso modo, é o que torna o vinho alcoólico.
Portanto, conhecer o Douro e experimentar um pouco de suas tradições é um passeio riquíssimo. A cultura (e o cultivo) do vinho nessa região transborda o gosto pessoal pela bebida. Trata-se, de fato, na digressão aos costumes quase milenares de um povo que, muito orgulhosamente, vive disso.

Fotos: O Inverso de Cabral